A pesquisa-ação foi desenvolvida por Kurt Lwin em 1947 num contexto pós-guerra, com uma abordagem experimental. Suas pesquisas tinha por finalidade a mudança de hábitos alimentares da população e também das atitudes dos americanos em face dos grupos étnicos minoritários.
O estudo paralelo sobre a dinâmica e o funcionamento dos grupos, pautavam-se por um conjunto de valores como a participação dos sujeitos, construção de relações democráticas, o reconhecimento de direitos individuais, a tolerância a opiniões divergentes etc. Tal forma de trabalhar a pesquisa-ação veio a ter grande desenvolvimento nas empresas e em atividades ligadas ao desenvolvimento organizacional.
Essa concepção inicial adquiriu muitas feições fragmentadas durante a década de 50 e modificou-se estruturalmente a partir da década de 80, quando incluiu entre seus pressupostos a perspectiva dialética, constatando-se a existência de um mosaico de abordagens metodológicas que muitas vezes são operacionalizadas na práxis investigativa sem a necessária explicação de seus fundamentos teóricos, culminando em inconsistências entre teoria e método.
Pode-se observar em recentes trabalhos de pesquisa-ação no Brasil, ao menos três conceituações diferentes desta:
_PESQUISA-AÇÃO COLABORATIVA: Onde a função do pesquisador é integrar-se e conferir um enfoque científico;
_PESQUISA-AÇÃO CRÍTICA: Tendo em vista a emancipação dos sujeitos e das condições que o coletivo considera opressivas;
_PESQUISA-AÇÃO ESTRATÉGICA: Onde a transformação é previamente planejada sem a participação dos sujeitos e apenas o pesquisador acompanha os efeitos e avalia os resultados.
No entando, ainda se podem encontrar pesquisadores iniciantes fazendo uso da pesquisa-ação para implementar projetos ou propostas concebidos apenas por eles próprios ou mesmo, não raro, aplicando uma proposta de mudança idealizada por um superior.
Segundo os comentários de Mailhiot (1970, p.46), "a pesquisa-ação deve partir de uma situação social concreta a modificar e, mais que isso, inspirar-se constatemente nas transformações e nos elementos novos surgidos durante o processo e sob a influência da pesquisa". Portanto, ao falar de pesquisa-ação, fala-se de uma pesquisa que não se sustenta na epistemologia positivista e pressupõe a integração dialética entre pensamento e ação, entre fatos e valores, entre pesquisador e pesquisado.
Com efeito, a pesquisa-ação, estruturada de acordo com seus princípios geradores, é eminentemente pedgógico à medida que o exercício pedagógico se configure como uma ação que confira caráter científico à prática educativa com base em princípios éticos que visualizem a contínua formação e emancipação de todos so sujeitos da prática.
Quando se pretende investigar a dimensão da ação na pesquisa-ação, tem-se também por finalidade refletir sobre seu sentido, suas configurações, bem como sobre seu arraigamento no processo investigativo. Pois o grande interesse é permitir conhecer as ações necessárias à compreensão dos processos que estruturam a pedagogia da mudança da práxis na situação em investigação.
O exercício da pesquisa-ação como investigação formativo-emancipatório, requer essencialmente o modelo do agir comunicativo, que segundo Rojo (1997, p.32)"não pretende garantir a eficiência a qualquer custo, não é individualista, não persegue o êxito; ao contrário, mostra-se uma ação dialógica, vitalista, que emerge do mundo vivido". O que nos leva a perceber que a pesquisa-ação dificilmente pode ser empreendida por pesquisadores iniciantes, pois há a possibilidade da ingenuidade metodológica, ou seja, de que essas dissonâncias pasem despercebidas, sejam tratadas superficialmente.
Desde Lewin até Elliot, afirma-se que importante característica da pesquisa-ação é seu processo integrador de pesquisa reflexão e ação, retomando continuamente sob forma de espirais cíclicas, de sorte que haja tempo e espaço para que a integração pesquisador-grupo se aprofunde e a prática desse processo vá, aos poucos, tornando-se mais familiar.
De tudo o que foi comentado até aqui foi no intúito de responder à questão: DE QUE AÇÃO SE FALA AO REFERIR-SE À PESQUISA-AÇÃO? O que nos leva a perceber que são esperadas atitudes voltadas à disponibilidade, á cooperação ao envolvimento. No entando, sabe-se que tais disposições nem sempre estão, de pronto, presentes no grupo. O que deixa mais evidente que, para a pesquisa-ação realizar-se, deve haver a associação da pesquisa a uma estratégica ou proposta coletiva de intervenção.
A produção de conhecimentos e a socialização de saberes, foco deste processo pedagógico intermediário, são tarefas complementares e associadas, principalmente no caso da pesquisa-ação, em que se pretende o trabalho coletivo, compartilhado. Conforme Ghedin (2002, p. 141), "o que fazemos não se explica pelo como fazemos; possui sentido diante dos significados que lhe são atribuídos[...]".
Falar em processo de pesquisa-ação é falar de uma atividade que deve produzir transformações de sentido, ressignificações do que se faz ou se pensa. Contudo, cunclui-se que a pesquisa-ação pode e deve funcionar como uma metodologia de pesquisa, pedagogicamente estruturada possibilitando a produção de conhecimentos novos para a área da educação e formando sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos.
Josineide Pereira da Silva
O estudo paralelo sobre a dinâmica e o funcionamento dos grupos, pautavam-se por um conjunto de valores como a participação dos sujeitos, construção de relações democráticas, o reconhecimento de direitos individuais, a tolerância a opiniões divergentes etc. Tal forma de trabalhar a pesquisa-ação veio a ter grande desenvolvimento nas empresas e em atividades ligadas ao desenvolvimento organizacional.
Essa concepção inicial adquiriu muitas feições fragmentadas durante a década de 50 e modificou-se estruturalmente a partir da década de 80, quando incluiu entre seus pressupostos a perspectiva dialética, constatando-se a existência de um mosaico de abordagens metodológicas que muitas vezes são operacionalizadas na práxis investigativa sem a necessária explicação de seus fundamentos teóricos, culminando em inconsistências entre teoria e método.
Pode-se observar em recentes trabalhos de pesquisa-ação no Brasil, ao menos três conceituações diferentes desta:
_PESQUISA-AÇÃO COLABORATIVA: Onde a função do pesquisador é integrar-se e conferir um enfoque científico;
_PESQUISA-AÇÃO CRÍTICA: Tendo em vista a emancipação dos sujeitos e das condições que o coletivo considera opressivas;
_PESQUISA-AÇÃO ESTRATÉGICA: Onde a transformação é previamente planejada sem a participação dos sujeitos e apenas o pesquisador acompanha os efeitos e avalia os resultados.
No entando, ainda se podem encontrar pesquisadores iniciantes fazendo uso da pesquisa-ação para implementar projetos ou propostas concebidos apenas por eles próprios ou mesmo, não raro, aplicando uma proposta de mudança idealizada por um superior.
Segundo os comentários de Mailhiot (1970, p.46), "a pesquisa-ação deve partir de uma situação social concreta a modificar e, mais que isso, inspirar-se constatemente nas transformações e nos elementos novos surgidos durante o processo e sob a influência da pesquisa". Portanto, ao falar de pesquisa-ação, fala-se de uma pesquisa que não se sustenta na epistemologia positivista e pressupõe a integração dialética entre pensamento e ação, entre fatos e valores, entre pesquisador e pesquisado.
Com efeito, a pesquisa-ação, estruturada de acordo com seus princípios geradores, é eminentemente pedgógico à medida que o exercício pedagógico se configure como uma ação que confira caráter científico à prática educativa com base em princípios éticos que visualizem a contínua formação e emancipação de todos so sujeitos da prática.
Quando se pretende investigar a dimensão da ação na pesquisa-ação, tem-se também por finalidade refletir sobre seu sentido, suas configurações, bem como sobre seu arraigamento no processo investigativo. Pois o grande interesse é permitir conhecer as ações necessárias à compreensão dos processos que estruturam a pedagogia da mudança da práxis na situação em investigação.
O exercício da pesquisa-ação como investigação formativo-emancipatório, requer essencialmente o modelo do agir comunicativo, que segundo Rojo (1997, p.32)"não pretende garantir a eficiência a qualquer custo, não é individualista, não persegue o êxito; ao contrário, mostra-se uma ação dialógica, vitalista, que emerge do mundo vivido". O que nos leva a perceber que a pesquisa-ação dificilmente pode ser empreendida por pesquisadores iniciantes, pois há a possibilidade da ingenuidade metodológica, ou seja, de que essas dissonâncias pasem despercebidas, sejam tratadas superficialmente.
Desde Lewin até Elliot, afirma-se que importante característica da pesquisa-ação é seu processo integrador de pesquisa reflexão e ação, retomando continuamente sob forma de espirais cíclicas, de sorte que haja tempo e espaço para que a integração pesquisador-grupo se aprofunde e a prática desse processo vá, aos poucos, tornando-se mais familiar.
De tudo o que foi comentado até aqui foi no intúito de responder à questão: DE QUE AÇÃO SE FALA AO REFERIR-SE À PESQUISA-AÇÃO? O que nos leva a perceber que são esperadas atitudes voltadas à disponibilidade, á cooperação ao envolvimento. No entando, sabe-se que tais disposições nem sempre estão, de pronto, presentes no grupo. O que deixa mais evidente que, para a pesquisa-ação realizar-se, deve haver a associação da pesquisa a uma estratégica ou proposta coletiva de intervenção.
A produção de conhecimentos e a socialização de saberes, foco deste processo pedagógico intermediário, são tarefas complementares e associadas, principalmente no caso da pesquisa-ação, em que se pretende o trabalho coletivo, compartilhado. Conforme Ghedin (2002, p. 141), "o que fazemos não se explica pelo como fazemos; possui sentido diante dos significados que lhe são atribuídos[...]".
Falar em processo de pesquisa-ação é falar de uma atividade que deve produzir transformações de sentido, ressignificações do que se faz ou se pensa. Contudo, cunclui-se que a pesquisa-ação pode e deve funcionar como uma metodologia de pesquisa, pedagogicamente estruturada possibilitando a produção de conhecimentos novos para a área da educação e formando sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos.
Josineide Pereira da Silva
Última edição por Josyneide em Sáb Mar 12, 2011 4:44 am, editado 3 vez(es)